Liberalismo
- A propriedade e o Estado
Muitos
filósofos trataram do tema Estado, como fruto de um pacto ou contrato a
partir da união dos indivíduos. Em geral, esses filósofos se
basearam no direito natural, ou seja, no jusnaturalismo. Hobbes,
Rousseau e Locke discordaram do significado exato desses direitos, mas,
de qualquer forma, muitas de suas teorias filosóficas foram bem-aceitas
por uma classe tipicamente moderna, que é a burguesia. Em
síntese, esse ideário ajudou a burguesia a se libertar da mediação política da
tradição medieval e da Igreja Católica.
De
modo especial, John Locke, ao se referir aos direitos naturais, pensava que
todos nascem com direito:
· à
vida
· à
liberdade
· à propriedade
Por
isso, é função do Estado fazer com que a vida, a liberdade e a igualdade de cada
um sejam respeitadas. Dessa maneira, a burguesia, que estava em plena ascensão
entre os séculos XVII e XVIII, encontrou nessa teoria uma das bases para a
legitimação de seu poder.
Com
a teoria do indivíduo, o proprietário é livre para lucrar com o comércio e a
indústria, constituiu-se o fundamento do liberalismo (doutrina
baseada na defesa da liberdade individual, nos campos econômico, político,
religioso e intelectual, contra as ingerências e atitudes coercitivas do poder
estatal). No liberalismo, o Estado é responsável pela guarda das
propriedades particulares contra os pobres, já que esses teriam perdido sua
propriedade por usarem mal a própria liberdade. Assim, a pobreza é tida como responsabilidade
do pobre, que deve usar a sua liberdade para o trabalho como fonte de novas
propriedades.
Desejo ser escravo
Étienne de La Boétie nasceu em Sarlat, no ano de 1530. Amigo
de Michel de Montaigne, outro importante humanista francês.
La
Boétie procurou explicar o motivo pelo qual as pessoas obedecem o tirano. Suas
observações e reflexões o levaram a afirmar que a sujeição de muitos por um
tirano está relacionada muito mais com desejo do que com medo.
Segundo
La Boétie, elas entregam a sua liberdade e se tornam escravas por um salário
bem baixo para um dia poderem conseguir bens. É o desejo de bens e de riqueza
que torna esses indivíduos servos voluntários, e não simplesmente a luta pela
sobrevivência.
Por
isso, se o poder de quem está no topo da pirâmide social é alimentado pelo
desejo de bens das pessoas que estão abaixo, contra isso só há uma maneira para
alcançar de novo a liberdade: não desejar mais bens desnecessários. Dessa forma,
não há mais a busca e/ou aceitação da tirania de outras pessoas.
Para
La Boétie, essas pessoas se tornam escravas por livre vontade, vivendo uma
verdadeira servidão voluntária.
O
anarquismo
Como
você sabe, no senso comum, o anarquismo é algo sem organização, em que qualquer
um pode fazer o que bem entende. A teoria anarquista não defende que cada um possa
fazer o que bem entende, mas sim que a organização política deva ser de modo
tal que cada indivíduo possa participar do poder sem a instalação de um Estado
que governe a todos.
O anarquismo é uma teoria social e
movimento político, presente na história ocidental do século XIX e da primeira
metade do século XX, que sustenta a ideia de que a sociedade existe de forma
independente e antagônica ao poder exercido pelo Estado, sendo este considerado
dispensável e até mesmo nocivo ao estabelecimento de uma autêntica comunidade
humana.
Os
anarquistas têm como centro da ação política o indivíduo livre, autônomo, ou
seja, capaz de se autogovernar e de participar de sociedade na qual a descentralização
do poder é um princípio fundamental. A autonomia no anarquismo exige que o
indivíduo livre exerça a sua própria autoridade, sendo essa a única possível.
Ou seja, no anarquismo, espera-se que as pessoas não precisem de governo para poder
viver, pois se acredita que os seres humanos tenham a capacidade de viver em
paz e em liberdade.
Por
isso, os anarquistas combateram o Estado. Para eles, o Estado não garante a
liberdade; pelo contrário, provoca a escravidão, pois controla a vida de todos,
desde o nascimento até a morte. Por exemplo, quando nascemos, temos de ser registrados
e, depois, temos de tirar vários documentos. No caso dos homens, aos 18 anos, é
obrigatória a apresentação para o serviço militar. Finalmente, precisamos de autorização
até mesmo para o sepultamento, quando ganhamos mais um documento – o atestado
de óbito –, para provar que estamos mortos.
Para
os anarquistas, o Estado destrói a vida das pessoas, quer pela burocracia, quer
pelo uso da força, como é o caso da polícia. Quanto à democracia burguesa,
merece ser criticada e superada por favorecer a desigualdade social e não
permitir a construção de uma sociedade de liberdade para todos.
Poderíamos
resumir a ação direta do anarquismo nessas duas palavras: liberdade e
responsabilidade, uma vez que seu ideário propõe a eliminação de toda forma de
hierarquia entre os homens.
Utopia de máscara
nova
Juventude insatisfeita pede a
reforma da velha democracia liberal
Um misterioso sorriso
por trás de um bigode irônico e o desejo de fazer uma nova política, descolada dos partidos, movimentos sociais e representantes atuais. Foi assim, vestindo uma antiga, porém ainda contemporânea utopia, que milhares de jovens saíram às ruas
para uma nova jornada em junho. No rosto da juventude, a figura idealizada de
Guy Fawkes, um inglês do século XVII que tenta incendiar o parlamento e
assassinar o rei como método de transformação da sociedade.
Assim
como o caricato mascarado, a utopia por trás do inglês ganhou força e sentido para
as vozes nas ruas das cidades brasileiras nos últimos meses. Elas bradaram
contra os partidos políticos, seus representantes e os movimentos sociais
institucionalizados - como UNE, MST, CUT - além das próprias instituições capitalistas.
Nos cartazes, o grito grafado: "Vocês não nos representam". Seria a
velha utopia anarquista ganhando ares modernos com mobilizações estruturadas agora em redes sociais e digitais? Ou apenas uma crise de representatividade
política do sistema
atual?
Para
quem esteve no protagonismo da mobilização, a indignação das massas teve como alvo o governo e os movimentos
sociais organizados - com destaque para CUT, MST, UNE e o próprio PT. É preciso
repensar as ações para que se consiga ganhar, novamente, a adesão popular.
"Os partidos e as organizações mais tradicionais precisam se reinventar. Os
protestos mostraram o que há alguns anos à nova esquerda já vinha fazendo: a
revisão de paradigmas da esquerda organizada. Mas o povo tem que ter paciência
no decorrer desse processo, pois tudo isso será construído coletivamente e não individualmente", defende Afonso Fernandes, membro do Centro Acadêmico
Manuel Maurício, IFCS/UFRJ, e aluno do curso de História.
Um processo lento,
pautado em reformas políticas e institucionais, mas tendo a urgência e o calor
das ruas como catalisador. É assim que também pensa Raphael Godoi, estudante
ainda do ensino médio e integrante do Fórum de Lutas contra o Aumento da
Passagem: "Conseguimos reunir 3 mil pessoas em uma plenária e agora vemos
as pessoas discutindo política e vendo o valor de seus votos. Já os políticos
parecem mais cautelosos diante da vigilância e da pressão da sociedade. Eles
sabem que a qualquer momento poderemos voltar a tomar as ruas". É melhor,
então, nem guardar a máscara de Guy Fawkes.
(trecho
de uma reportagem sobre a manifestação em junho de 2013)
Filme V de Vingança
"Lembrai, lembrai do cinco de novembro
A pólvora, a traição, o ardil
Por isso não vejo como esquecer
Uma traição de pólvora tão vil"
Sinopse
do filme: V de Vingança
Em uma Inglaterra do futuro, onde está em vigor
um regime totalitário, vive Evey Hammond (Natalie Portman). Ela é salva de uma
situação de vida ou morte por um homem mascarado, conhecido apenas pelo
codinome V (Hugo Weaving), que é extremamente carismático e habilidoso na arte
do combate e da destruição. Ao convocar seus compatriotas a se rebelar contra a
tirania e a opressão do governo inglês, V provoca uma verdadeira revolução.
Enquanto Evey tenta saber mais sobre o passado de V, ela termina por descobrir
quem é e seu papel no plano de seu salvador para trazer liberdade e justiça ao
país.
Nenhum comentário:
Postar um comentário