Cultura de Massa
A Cultura de Massa (ou “cultura pop”) é o produto realizado pela Indústria Cultural, com o intuito de atingir a massa social,
considerando “massa” em seu sentido de coesão e opacidade.
Portanto, cultura de massas é o meio e o fim
pelo qual se submetem as mais variadas expressões culturais a um ideal comum e
homogêneo, tendo em vista que a cultura de massas tem a propriedade de absorver
os antagonismos e transcender distinções sociais, étnicas, sexuais, etárias,
etc., transformando-os em produtos para o consumo num mundo de consumidores livres.
Cultura de Massa
vs Cultura Erudita
Com efeito, a cultura de massas está intimamente
ligada ao advento da modernidade; no século XIX, donde
esse termo foi utilizado para fazer antagonismo entre a educação recebida pelas
massas à educação recebida pelas elites, ou seja, a cultura erudita.
Indústria Cultural
Contudo, a expressão “cultura de massas” passou a
designar também o consumo de alguns bens e serviços da sociedade
industrializada. Por sua vez, o termo, tal como é visto atualmente,
especialmente por sua natureza comercial e manipulativa, consolidou-se após a
II Guerra Mundial, quando Theodor Adorno (1903-1969) e Max Horkheimer
(1896-1973) fundam a Escola de Frankfurt e
criaram o termo “Indústria Cultural”, para se
referir aos grandes conglomerados midiáticos globais detentores dos meios de
comunicação de massa, os quais são utilizados na padronização de produtos, notícias,
serviços, etc.
De partida, vale destacar a influência marxistas desta interpretação, a qual pressupõe a economia enquanto "mola propulsora" da realidade social.
Por conseguinte, a expressão “Indústria Cultural” surge ainda na década de
1940, no livro “Dialética
do Esclarecimento: Fragmentos Filosóficos”, escrito em 1942 e publicado em 1972.
Sem espanto, na Indústria Cultural se
fabricam ilusões padronizadas e extraídas do manancial cultural e artístico, os
quais se mercantilizam sob o aspecto de produtos culturais voltados para obter
lucro e reproduzir os interesses das classes dominantes, legitimando-as e
perpetuando-as socialmente. Assim, ao submeter os consumidores à lógica da
Indústria Cultural, a classe dominante aliena as dominadas, tornando-as
incapazes de elaborarem um pensamento crítico que impeça a reprodução ideológica
do sistema capitalista.
O aperfeiçoamento tecnológico da Indústria
Cultural permitiu que se perpetuasse o desejo de posse pela renovação
técnico-científica. Ademais, qualquer comportamento que desviante das
necessidades do consumo é combatido e tratado como anormal pela Indústria
Cultural. Por fim, a cultura popular e erudita são simplificadas e falsificadas para se
transformarem em produtos consumíveis, o que provoca a decadência das formas
mais originais e criativas de fazer cultura e arte.
Em suma, a cultura de massas é um produto padronizado e pré-definido para o consumo imediato, considerado muitas vezes como algo
trivial, tal qual ouvir uma música ou assistir um programa de televisão. Vale
lembrar que a cultura de massa é muito distinta da “cultura
erudita” e da “cultura popular”,
mas incorpora seus atributos, banalizando-os e esvaziando-os de seu conteúdo
originais, pois valoriza somente os aspectos que caem no gosto da massa e
possuem potencial para lucro, oprimindo assim, outras manifestações culturais
que vão perdendo espaço e legitimação social paulatinamente (de modo lento).
Ilusionismos da Indústria Cultural
Inicialmente, devemos salientar que a
Indústria Cultural e os meios de comunicação em massa, bem como as ferramentas de propaganda (publicidade, marketing), são inseparáveis e indistintos.
Serão estes veículos e ferramentas os
responsáveis pela criação e manutenção da crença de “liberdade individual”, livre de qualquer padronização e que proporcionam o sentimento de satisfação
pelo consumo, como se a felicidade pudesse ser comprada.
De tal maneira, na maioria das vezes, os
produtos adquiridos não fornecem o que prometem (alegria, sucesso, juventude) e
iludem facilmente o consumidor, prendendo-o num ciclo vicioso de conformismo.
Cultura de Massas
e o Capitalismo
Como vimos, a cultura de massas padroniza e homogeneíza os produtos; contudo, isso gera
o mesmo efeito nos consumidores, os quais são induzidos a desejos e
necessidades superficiais. Tudo isso tem uma meta muito clara: as vendas e o consumo. Desse modo,
substitui-se a vasta gama de cultura erudita, cultura popular e folclórica, por
simulações dessas culturas autênticas, pois esses simulacros devem satisfazer
um denominador comum, para um consumidor comum.
Isso sugere a simplificação dessas culturas para
vendê-las em larga escala, segundo a lógica do capitalismo
industrial e financeiro. Assim, assume-se que a cultura de massas agrada uma grande maioria anônima e amorfa (sem forma) de
consumidores, quando na verdade mascara os interesses de lucro fácil e
garantido para os referidos conglomerados midiáticos mundiais.
Portanto, isso explica o caráter mercantil,
alienante e manipulador da Indústria Cultural, principal responsável pela padronização dos indivíduos em nome do lucro e em detrimento do real valor artístico do
produto.
Cultura de Massas
e as Mídias
Outro fato bastante conhecido sobre a cultura de
massas é sua associação aos meios de comunicação de massas.
Ora, as inovações tecnológicas, como o cinema, o rádio, a televisão e,
recentemente, a internet, aceleraram ainda mais o processo de homogeneização cultural; sem espanto, estas inovações foram utilizadas desde os primórdios com finalidades políticas.
Por conseguinte, essas mídias são as porta vozes da Indústria Cultural e dominam o campo da
comunicação, onde se tornam sobrevalorizadas em relação aos receptores das
mensagens, legitimando-se e ficando mais forte na mesma medida em que os receptores se tornam iguais e fracos.
Por outro lado, além de homogeneizar os padrões culturais, os canais midiáticos
são os principais responsáveis pela alienação dos consumidores por meio dos
produtos culturais em série, os quais não conseguem mais enxergar toda a cadeia
de eventos que envolve a Indústria Cultural e seu produto: a cultura de massas.
Aspectos Positivos da Indústria Cultural
Nem tudo é negativo na ação capitalista da
Indústria Cultural. Sob este respeito, Walter Benjamin (1892-1940) acredita que esta seja também uma via de democratização para a arte, uma vez que os mesmos mecanismos que
alienam, são capazes de levar cultura para um número maior de pessoas, bem como
permite a empreitada não comercial, já que possibilita o acesso às ferramentas
para a produção cultural.
Já Adorno afirmava que a Indústria Cultural
atuava como formadora das mentalidades; contudo, não eram utilizadas de modo
esclarecedor, o que também é uma possibilidade virtual deste sistema.
Portanto, se a Indústria Cultural foi a principal responsável pela alienação promovida pela destituição da arte de seu
papel transformador, também pode ser ela a única capaz de difundir e
ressignificar a arte enquanto fator de transformação social.
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