O filosofo Karl Max é um materialista. Os filósofos desta concepção consideram que não
existe uma verdade que se revela a todos nesse mundo. Tudo é uma questão de
perspectiva e por isso não se pode entender o mundo como ele realmente é.
Mas em oposição aos materialistas é
encontrada a concepção idealista,
com a pretensão de criar uma imagem universal, até mesmo sobre os indivíduos, apesar
das diferenças. O idealista é apegado a ideia, onde se coloca tudo em categorias
compreensíveis, considerando que todos podem compartilhar da verdade ideal.
No materialismo o que passa pela cabeça de
uma pessoa tem a ver com os sentimentos que ela tem, porque o corpo é
importante e é o contato com o mundo que produz sentimentos. Então, nessa
primeira ideia, começa a ficar claro que a produção material de uma sociedade
afeta o pensamento, por estar em relação com o corpo, produzindo sentimentos
que movem o indivíduo.
Um problema para a filosofia está ligado a
essa ideia de circunstâncias. O pensamento sobre o futuro está preso as
circunstâncias materiais do agora. Então, como criar uma filosofia
revolucionária, sendo que o pensamento é influenciado pelo mundo material a
cada instante?
Para entender melhor essa dificuldade da
revolução do pensamento, dentro de uma sociedade, é importante analisar a infraestrutura e superestrutura que formam a sociedade. Essa análise é a ciência do materialismo histórico.
Sociedade = infraestrutura + superestrutura
Infraestrutura
Os sentimentos que o indivíduo tem não
poderiam ser outros, porque assim as circunstâncias determinam. A sociedade
também é organizada politicamente, moralmente, religiosamente e tudo mais, da
maneira que atenda a necessidade material econômica, porque é o material que
influencia o pensamento e consequentemente a ação.
A infraestrutura está
relacionada a produção de bens materiais: as condições materiais de sua produção, as
relações entre as pessoas na produção de bens, ao trabalho, ao processo de
produção, etc. A infraestrutura é resumida como sendo os modos de produção.
Infraestrutura = modos de produção
Modos de produção
Os modos de produção
econômica fazem parte da infraestrutura. Existem seis
modos de produção: Primitivo, Asiático, Escravista, Feudal, Capitalista, Socialista.
Existem dois elementos fundamentais nos modos
de produção: forças produtivas e relações de produção.
Modos de produção = forças produtivas +
relações de produção.
Forças produtivas
As forças produtivas são o conjunto de
dois elementos que impulsionam o processo produtivo:
1º Os meios
de produção: ferramentas, matéria-prima e matéria-bruta. Por ferramentas
entende-se tudo instrumento usado para transformar um objeto; a matéria-prima é
um objeto que já foi modificado pelo trabalho, mas inda não é produto; matéria-bruta
é um objeto que não foi trabalhado, por isso está distante de ser um produto.
2º A força
de trabalho: é a energia muscular e cerebral, usada sempre em conjunto com
os meios de produção, para produzir um produto.
Forças produtivas = meios de produção + força de
trabalho
O trabalho
dá utilidade a algo, mas é importante lembrar que hoje em dia a utilidade tem
outro sentido. Muitos produtos são desnecessários, cridos para o luxo.
Em resumo, o trabalho transforma o objeto em produto e a força de trabalho é a energia necessária para a transformação. Dependendo
do meio de trabalho, se gastará mais ou menos energia para produzir um produto.
No
capitalismo não se remunera o trabalho e sim a força de trabalho. Isso
significa que o salário é para recuperar a energia. O que se produz com o
trabalho não afeta na remuneração, porque o importante é o tempo, a força
física e mental usada para produzir. Isso sofreu algumas alterações nos últimos
anos com as gratificações por resultado, mas isso não acontece em todo o
sistema e nem representa uma mudança significativa para o sistema de exploração
do trabalho.
Os meios de produção são fundamentais, porque
eles determinam a quantidade de força necessária para a transformação de um
objeto em produto.
Relações
de produção
As relações de produção são
as relações estabelecidas entre os seres humanos para produzir. Em outras palavras, é o acordo necessária
entre os seres humanos para realizar o processo produtivo.
Na nossa sociedade, a propriedade privada dos meios de produção dita a relação das duas
classes fundamentais para a produção: proletários (não proprietários) e
burgueses (proprietários). Essas são as classes mais importantes da sociedade
capitalista: o burguês é o dono dos meios
de produção e o proletário é o trabalhador, o detentor da força de trabalho. Os proprietários dos
meios de produção se apropriam do
produto do trabalho dos não proprietários, gerando desigualdade social e
conflito entre as classes.
Superestrutura
Todas as ideias de uma sociedade sobre o
mundo e sobre as coisas é resultado da luta de classes. A superestrutura são essas
ideias, hábitos e campos sociais que
formam a sociedade, mas não fazem parte da infraestrutura, como: educação,
leis, marketing, Estado, medicina, estilos de vida etc.
Várias formas de superestrutura são possíveis em uma mesma
infraestrutura. A superestrutura nunca para de mudar,
por isso é difícil defini-la. Por exemplo, a internet não existia a alguns anos
atrás.
Materialismo
histórico
O materialismo histórico é uma
forma cientifica de analisar a história e as sociedades. Em nossa sociedade temos duas classes
fundamentais: proletários e burgueses. Os proletários alienados, junto com seus
herdeiros e lacaios dos burgueses, defendem as relações vigentes de produção. As duas classes são parte da
infraestrutura. A política, a educação, o direito, a moral, a mídia, entre
outros, fazem parte da superestrutura.
O materialismo histórico revela que a
organização social está em dois níveis: infraestrutura econômica e superestrutura
ideológica. Ao se entender a produção de bens (infraestrutura) de uma
sociedade, é possível entender a ideologia que comanda a sociedade. Em outras
palavras, quanto melhor se conhece a produção de bens materiais, melhor se
conhece o resto da sociedade (superestrutura).
Conflito
entre classes
As pessoas consideradas de esquerda lutam
sempre contra o interesse da classe dominante, que é a burguesia. Os
verdadeiros interessados na manutenção das ideias de direita são os donos da
produção, os conservadores. Não é o proprietário do carro que é interessado nas
propostas conservadoras e sim o dono da fábrica de veículos. Para Marx, o importante no capitalismo é a
propriedade dos meios de produção e não o produto. A maneira como se procede as
forças de produção de bens materiais
define a relações de produção.
Os burgueses defendem a propriedade privada dos meios
de produção e o proletário busca novas formas de relações de produção. Devido a esse conflito de interesses, existe
uma luta entre as duas classes. Há um abismo que separa as classes, mas poucos
tem consciência de classe, sem essa
consciência não existe revolução. O
desejo por lucro faz com que os burgueses, donos dos meios de produção, se
aproveitem do trabalhador, criando uma situação de exploração que não muda.
Materialismo dialético
O materialismo dialético diz respeito a essa luta de classes: proletária e burguesa. A desarmonia entre as forças de produção e as relações
de produção produz a história da nossa sociedade capitalista, mas essa história é resultado da dialética das classes envolvidas nos modos de produção.
O conflito fica evidente quando os proprietários dos meios de produção
não conseguem agradar o trabalhador, que exige uma mudança nas relações de produção, mas esta nunca
acontece. Por exemplo, o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) que
luta pela distribuição de terras, que são parte dos meios necessários para a
produção, sendo a terra parte da infraestrutura.
É normal que alguns grupos se unam contra os
trabalhadores para conservar a propriedade
privada dos meios de produção, impedindo uma transformação. A classe conservadora
luta contra a classe que deseja mudanças na relação de produção, porque essa mudança é uma revolução considerada subversiva
pelos conservadores.
Liberalismo
O filósofo John Locke, do século XVII, era
defensor do liberalismo. Ele via o trabalho como fundamento da propriedade
privada.
Podemos dizer que o trabalho de seu corpo e a obra produzida por suas
mãos são propriedade sua. Sempre que ele tira um objeto do estado em que a
natureza o colocou e deixou, mistura nisso o seu trabalho e a isso acrescenta
algo que lhe pertence, por isso o tornando sua propriedade. Ao remover este
objeto do estado comum em que a natureza o colocou, através do seu trabalho
adiciona-lhe algo que excluiu o direito comum dos outros homens. Sendo este
trabalho uma propriedade inquestionável do trabalhador, nenhum homem, exceto
ele, pode ter o direito ao que o trabalho lhe acrescentou (LOCKE, Segundo
tratado Sobre O Governo, capitulo V, p.42)
Para Locke, é garantindo o direito à
propriedade de algo quando se trabalha nela e a transforma. O direito à
propriedade é a recompensa pelo trabalho transformador. Mas no capitalismo o
trabalho é apenas mais uma mercadoria, que é vendida e usada para a produção. O
que é produzido pelo trabalho não pertence ao trabalhador, pertence aos donos
dos meios de produção que comprou o
trabalho.
Em contrapartida, o filósofo Adam Smith, do
século XVIII, dizia que o trabalho deveria ser a medida do valor de troca das
mercadorias. Mas no capitalismo o valor de troca da mercadoria não tem a ver
com o valor pago pelo trabalho. A mercadoria ganha um valor muito superior em
comparação ao valor pago pelo trabalho que a produziu. Por isso, é importante
entender o conceito de trabalho para entender as relações de produção.
Mais-valia
A mais-valia
é o lucro retido pelo capitalista,
resultante da diferença entre o que ele paga pela mão de obra e o valor que ele
cobra pela mercadoria produzida por essa força
de trabalho (o trabalho vale menos que a mercadoria). Em outras palavras, o
trabalhador recebe um valor muito inferior ao valor produzido e é assim que o
burguês consegue o lucro. Essa exploração é chamada de mais-valia.
Existe uma abundância de trabalhadores na
sociedade. E quanto mais cresce a quantidade de trabalhadores mais a mão de
obra se desvaloriza. A força de trabalho perde seu valor quanto mais fácil for encontrá-la.
E sempre haverá aqueles trabalhadores que se submetem a trabalhar mais por um
salário um pouco maior perdendo mais de si, ou aceita trabalhar por menos para
ter um emprego, desvalorizando os trabalhadores como um todo. Um jeito de
ganhar mais é ter uma boa formação, porque quanto melhor for a formação do
trabalhador maior será sua raridade no mercado, proporcionando um salário
melhor.
Por causa do burguês ser o dono dos meios de produção, ele pode controlar
como, onde, quando, por que e com que frequência o trabalhador poderá vender
sua força de trabalho. Durante a
produção, o trabalhador perde a consciência da produção como um todo, por isso
ele é facilmente explorado. A sociedade capitalista se desenvolve com mais
facilidade quanto menor for a consciência do trabalhador.
Alienação
Alienação é o processo em que o ser humano se afasta de sua real
natureza, torna-se estranho a si mesmo, pois os objetos que produz passam a
adquirir existência independente do seu poder e antagônica aos seus interesses.
Alienação
devido a produção
No capitalismo a alienação começa no processo de
produção onde o indivíduo tem o trabalho segmentado para não se ter consciência
da totalidade do processo de produção. Existe uma cooperação complexa onde os
trabalhadores fazem funções diferentes para gerar um produto, perdendo toda a
noção da totalidade do processo produtivo. Na cooperação complexa, existe os trabalhadores
que vão trabalhar com a matéria-bruta e trabalhadores que vão dar continuidade
ao trabalho dos primeiros, até a produção final que é o produto pronto para o consumo,
chamado de mercadoria. Esse trabalho coletivo é um estágio do sistema
capitalista, onde o trabalhador se torna alienado, perdendo a noção dos custos
e quantidade de produção de bens. Quanto
mais for elaborado o sistema de produção maior é a alienação do trabalhador.
Existe três tipos de
proprietários dos meios de produção:
1º O proprietário é um trabalhador
direto, por utilizar seus próprios meios
de produção para produzir, sendo isso mais normal em sistemas rudimentares
de produção, como no artesanato.
2º O proprietário é um
trabalhador indireto, por administrar o processo produtivo.
3º O proprietário é um não
trabalhador, porque ele está distante do processo produtivo. E quanto mais um
sistema capitalista se desenvolve, mais distante o proprietário dos meios de produção fica do processo produtivo.
Em uma sociedade
capitalista, podemos dividir os envolvidos na produção em duas categorias:
proprietários e não proprietários. Essa divisão gera três outras categorias na
sua relação capitalistas: explorados, não explorados e cooperadores (capangas
da burguesia).
Existem três sistemas de
exploração:
1º
O escravismo: onde o dono dos meios de produção é dono da produção e do trabalhador.
2º
O serviçal: onde o dono dos meios de produção é dono da produção, mas não é dono do
trabalhador. O servo tem liberdade de ir e vir e ganha um pouco de recursos,
para sobreviver e sustentar sua família se necessário.
3º
O assalariado: onde o dono dos meios de produção é dono da produção, mas é o trabalhador que vende
sua força de trabalho. O assalariado tem maior liberdade do que o servo, por
dois motivos: ele tem o direito de receber os recursos para obter os próprios
bens em troca da força de trabalho;
também pode não vender a força de
trabalho, caso não tenha interesse no que o burguês lhe oferece.
No capitalismo, o
trabalhador é explorado porque o burguês dita a venda da força de trabalho e o valor do trabalho. O trabalhador alienado não
percebe a desigualdade do sistema. O trabalhador vende seu trabalho como uma
mercadoria e quanto mais mercadorias esse trabalho produz menos ele vale no
mercado.
A mercadoria ganha
independência em relação ao trabalhador. Quanto mais esse trabalhador gasta de
si no trabalho, mais o trabalho se torna estranho ao trabalhador, que perde
mais de si mesmo, tornando-se mais pobre com o tempo. Em outras palavras, o
trabalhador se torna menos pessoa e menos valorizado na medida em que produz
mais.
O sistema exige que o
trabalhador fique cada vez mais produtivo, eficiente e alienado, resultando na
desvalorização da sua força de trabalho. Quanto mais se produz menos se é. Essa
é a alienação do trabalhador frente ao objeto de trabalho que não lhe pertence
mais. Para Marx, a alienação significa essa autonomia do trabalho em relação ao
trabalhador. Quando se vende o trabalho ele não pertence mais ao trabalhador,
ele fica fora do trabalhador.
Ideologia
Ideologia é a totalidade das formas de consciência social, o que
abrange o sistema de ideias que legitima o poder econômico da classe dominante
(burguesia).
A ideologia é manifestada na superestrutura, que é o fluir ou consequência da infraestrutura. Em outras palavras, a superestrutura é uma articulação de
indivíduos que pensam sobre o mundo, tomando como referência a infraestrutura da sociedade para se
estabelecer parâmetros. A ideologia é
tudo que faz a sociedade ser e continuar a ser o que é, por permitir a
manutenção da dominação de classe. Como a ideologia sustenta o sistema, os
maiores interessados e beneficiados pela ideologia é a burguesia (classe
dominante).
Toda a ideologia é uma ideia sobre como o
mundo deveria ser e como deveria ser pensado. Não se trata de um mundo verdadeiro
ou falso. A ideologia não é uma análise da realidade, ela é uma suposição de
como deveria ser a vida humana. Por isso, não se pode fazer ideologia a partir
da natureza, porque a natureza nunca é diferente, ela é o que é, mas o ser
humano sempre pode ser diferente.
A ideologia é mais sofisticada quando deixa
de ser apenas uma ideia e passa a ser um conjunto de hábitos e condutas a se
ter. De repente, aquilo que o ser humano pensa e procura alcançar na sociedade
é resultado de uma dominação de classe por meio da ideologia. Porque a
ideologia do proletário é a ideologia burguesa. Não existe uma ideologia do
proletário e sim uma ideologia burguesa que toma conta das ideias do
proletário, que passa a querer se tornar burguês. O proletário vive em um mundo
criado pelos donos dos meios de produção. Sempre que o proletário quer se sair
bem no sistema, ele faz o que é do interesse da classe burguesa. Não existe rival
para a ideologia burguesa, porque todos têm uma noção parecida de como o mundo
deveria ser. Isso é globalização: uma única ideia compartilhada. Geralmente,
uma ideia começa a parecer correta quando ela vem de todos, parece não existir
pessoas dominadas. Essa é a sutileza da ideologia – dominar sem aparentar,
eliminando as chances de qualquer revolução.
A burguesia governa principalmente com a
ideologia, mas quando necessário, ela usa da força física da polícia e do
exército, que são patrocinados por ela, para manter a ordem burguesa. A
ideologia somente desaparece quando o sonho se tornar realidade, mas pode haver
uma crise, o sonho pode não ser bom. Quando o sonho não é bom, o que restar é
voltar a sonhar, criando uma nova ideologia.
Os desejos humanos foram cobertos pelas
ilusões da classe dominante. Desejar é natural, mas se deseja segundo tendências
capitalistas, como gostar do que se pode ser descartado, da quantidade ao invés
da qualidade, da raridade e do prático.
Mas não é a classe burguesa quem cria e cuida
da ideologia dominadora, o próprio sistema econômico proporciona seu
surgimento. A ideologia se forma devido as características dos modos de produção, mantendo até mesmo o
burguês tão alienado quanto o proletário, mas essa primeira classe acaba sendo
beneficiada. A burguesia também é exposta aos mesmos processos de dominação
ideológica que o proletário: a mídia, a escola, a igreja, entre outros. Por
exemplo, na novela o rico sofre e o pobre é feliz, recebe até café da manhã na
cama, servido pela sua esposa que é interpretada por uma atriz linda.
A
ideologia da mídia
A mídia faz parte da superestrutura,
patrocinada pela burguesia e promovendo os interesses da classe burguesa.
Diverte a classe operária, mantendo a alienação. É feita por burgueses para
proletários. Por exemplo, os jornais gastam muitas páginas falando da queda de
um avião como o da Air France em 2009, porque morreram “pessoas que importam”,
os proletários principalmente da classe média. Em São Paulo, existe várias
tragédias acontecendo na periferia a todo momento, mas as pessoas da periferia
não merecem a atenção da mídia, porque a vida dessas pessoas tem um outro valor
social.
Cria-se heróis e vilões na mídia, que podem
variar entre pessoas, partidos, instituições, produtos, etc., que servem como
bode expiatório para desviar a atenção dos processos de dominação e exploração.
A condenação dos vilões purifica e torna os trabalhadores mais dóceis. Por
exemplo, a mídia faz todos acreditarem que tudo de ruim está no setor público, oferecendo
ótimos argumentos para os defensores da privatização.
Graças a mídia, o proletário passa a ter como
preocupação os valores que favorecem a classe dominante, impedindo uma revolta
em massa. A ideologia é a maneira mais limpa, fácil e segura de dominação.
Antigamente era comum a dominação pela força física, mas isso era custoso e
agora é melhor o uso da ideologia.
O erro de Karl Marx, foi achar que a mídia
iria contribuir para uma revolução,
quando o número de proletários fosse muito mais numeroso do que de burgueses. Um
pensador marxista de hoje não analisa a mídia pela mídia, mas a partir da luta
de classe. A mídia dissimula o que realmente importa. Por exemplo, o programa A Grande Família, onde é mostrado uma
família de classe média, uma classe resistente a mudanças e apegada aos seus
pequenos ganhos. O personagem principal, Lineu, é um homem honesto, mas é
porta-voz de uma moral conservadora, reacionária, ortodoxa e garantidora da
manutenção do sistema.
É na superestrutura que se esconde a
realidade da dominação. A mídia é conservadora como tudo mais na superestrutura.
A
ideologia nos campos sociais
Para se conhecer é necessário saber a classe
que se pertence. Para ficar mais fácil ainda de se conhecer, é importante
estudar o campo social em que se vive. Existe o campo jurídico, acadêmico,
jornalístico, político, religioso, etc. A ideologia de cada campo é flexível.
Por exemplo, a ideologia do campo acadêmico poderia mudar constantemente, mas,
ainda sim, mudaria para formas que continuam a favorecer os interesses da
classe dominante.
A sociedade adestra os seres humanos com a
ideologia. Certos comportamentos tornam-se aceitáveis e outros não, em um
determinado campo social. Quando se senti vergonha por algum comportamento, é
porque foi transgredido o protocolo ideal de uma esfera social, e o corpo reage
em contato com esse mundo que o condena, produzindo a vergonha no indivíduo que
não se enquadra. A ideologia determina o mundo em que se vive. Por isso, a
ideologia controla os sentimentos e se ela controla os sentimentos, ela
controla os indivíduos.
Apesar das particularidades dos campos
sociais, todas as ideologias existentes, têm como objetivo legitimar os
interesses da classe dominadora. Em outras palavras, todas as ideologias dos
campos sociais servem a uma maior proposta ideológica, aquela que favorece a
classe dominadora. A ideologia burguesa é mascarada por diversas propostas nos
vários campos, mas é sempre ela a referência para qualquer outra ideologia.
A homologia (união das partes) é o último
estágio para se entender a legitimação de um porta-voz dos interesses da classe
dominante. Essa homologia é a união dos campos sociais para legitimar uma nova
maneira de ser da ideologia. Um campo social aprova o outro de alguma maneira
ou o ajuda. Uma nova maneira de ser da ideologia, é uma nova maneira de
esconder os interessas da classe dominante, com uma capa ideológica nova.
Para entender o materialismo:
·
Burguês é o dono
dos meios de produção.
·
Proletário é o trabalhador, o detentor da força de trabalho.
Considerações:
1º Existe uma desigualdade (o burguês é o dono da bola).
2º O burguês decide o quanto vai pagar. O conceito mais-valia refere-se ao
preço da mercadoria e a exploração do trabalho. A mais-valia é o lucro retido
pelo capitalista, resultante da diferença entre o que ele paga pela mão de obra
e o valor que ele cobra pela mercadoria produzida por essa força de trabalho (o
trabalho vale menos que a mercadoria).
3º A luta de classe ou dominação de classe (porque o burguês ganha sempre).
4º No capitalismo o capital se concentra (a classe burguesa diminui e os poucos que
sobram são os maiores detentores dos meios de produção). O capitalismo
patrocina uma proletarização progressiva das relações de produção.
5º Marx antecipa uma revolução que aconteceu onde ele não previu, na
Rússia que era
czarista (Praticamente um absolutismo que foi substituído por uma monarquia
constitucional, incluindo um parlamento) e não passou pela fase capitalista.
6º A revolução não aconteceu do modo esperado por causa da dominação
ideológica ou simbólica que produz alienação. A classe dominante produz ideologias que
alienam a classe trabalhadora, permitindo uma dominação pacífica. As duas
maiores ferramentas de alienação é a religião e a mídia. Por exemplo: o padre
Marcelo é um instrumento que potencializa as duas.
7º A sociedade se explica pelas relações econômicas. Existe a infraestrutura de uma sociedade
está relacionada direta ou indiretamente com a produção de bens materiais, bens
tangíveis. A superestrutura de uma sociedade é tudo que está ao alcance dos
sentidos, é o resto da produção que não faz parte da infraestrutura: sistema de ideias e sentimentos, instituições
jurídicas e políticas, e manifestações culturais que constituem a consciência
social. Nenhuma produção superestrutural é explica sem uma análise da
infraestrutura da sociedade. Por exemplo: não posso entender o sucesso do padre
Marcelo sem entender como a sociedade que ele vive produz bens materiais.
Crítica ao capitalismo
“O trabalhador fica mais pobre à medida que produz mais riqueza” Karl
Marx.
Quanto mais se trabalha, mais pobre se fica. É a escassez da força
de trabalho e da produção que valoriza o trabalhador. Onde existe uma
grande produção e sobra da força de trabalho, não se valoriza o trabalhador.
Toda a produção ganha independência do trabalhador. A produção passa a ter o valor
estipulado pelo burguês, que é superior ao valor pago pela força de trabalho.
Caso o trabalhador deseje consumir a mercadoria que ele produziu, deverá ser
pago um valor superior ao pagamento que se recebeu para produzir a mercadoria.
Quanto mais o trabalhador produz em quantidade e volume, mais
desvalorizado se torna o trabalhador, porque ele se torna uma mercadoria
vendida a um preço mais baixo tanto quanto mais produz mercadorias.
Referências biográficas:
BARROS, Clóvis de; DAINEZI, Gustavo Fernandes. Devaneios sobre a atualidade do capital. Porto Alegre: CDG, 1ª edição, 2014.