Ninguém é triste por ser triste
ou alegre por ser alegre, tudo tem uma causa. Alegria é curtir o momento em
acordo com o momento (nada mais adequado do que usar a palavra curtir em tempos
de rede social). Existe alegria nas redes? Existe alegria em ser saudado por um
estranho com um sorriso no rosto? Alegrar-se é necessário para o “estado de
espírito” que denomino felicidade (não é uma contemplação aristotélica a que me
refiro). Mesmo no alegrar-se com um sorriso falso e curtidas convenientes, não
existe caminhos bons ou maus em si, o que importa é a habilidade de tirar
proveito das situações. Algumas circunstâncias são mais proveitosas para se
alegrar do que outras, dependendo das condições e habilidades do indivíduo. A “melhor
escolha” está ligada a duas coisas: a capacidade do indivíduo e ao contexto que
se vive. Muito pouco se pode fazer sobre o contexto em que se vive; é possível
ter mais controle sobre a capacidade que temos.
O modelo ideal é sempre fazer o
que um poderoso faz. Essa idolatria pelo poder de fazer algo que poucos
conseguem e/ou que exige muito trabalho advém da insatisfação recorrente – é um
estado natural e necessário à existência, por isso a satisfação é sempre passageira.
Nietzsche e Schopenhauer já transcorreram sobre todas essas questões que foram revisadas até aqui. O que eles deixaram de tratar é o poder como sendo algo
dependente das relações. A partir das relações se constroem vários tipos de
poder. A capacidade de um indivíduo em tirar proveito de uma circunstância
depende das relações que também são favoráveis a alegria, logo, é possível
criar algumas condições – estabelecendo relações ou criando habilidades (um
conjunto de competências, como se fala na área da educação), porque relação é habilidade
e vice-versa. O “poder fazer” o que nem todos podem não é garantia da alegria, mas
vivenciar algo tirando o máximo proveito que se pode é garantia de alegrar-se
mesmo com as “coisas pequenas da vida” (circunstâncias que não exigem muito
recurso e/ou trabalho). Parece óbvio que, para a grande maioria das pessoas, o “poder
tirar” deveria ser mais benquisto que o “poder fazer”. Porém, devido a nossa
natureza insatisfeita e a nossa cultura consumista, o desejo por mais segue um
caminho materialista, no sentido empírico de constatação da felicidade como
sendo fruto de realizações, ao invés da felicidade como um “estado de espírito”.
Claro que a felicidade, como “estado de espírito”, pode ser observada no
indivíduo, porém estou me referindo a algo mais complexo do que uma mera realização
visível. Estou tratando de um estado do corpo como um todo que consegue tirar
proveito de uma situação. O “estado de espírito” é um estado do corpo e a mente
é constituída da relação dum todo do organismo de um corpo (que tem a
tendência a insatisfações).
Ser uma “boa pessoa” ou ser “feliz”
por muito tempo não é natural, mas não é a natureza que vai nos impedir de
tentar superar limites, pois queremos sempre mais.
https://medium.com/@junior.josefranco/o-poder-das-rela%C3%A7%C3%B5es-94d9923cbcf8
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