Durante a era do Iluminismo
no século XVIII, a autoridade tradicional da Igreja foi minada pelas
descobertas científicas e questionou-se a ideia de monarcas governando segundo
o direito divino. Na Europa, em especial na França, muitos filósofos políticos
começaram a
investigar o poder da monarquia, do clero e da aristocracia. Destacando-se
entre eles, estavam Voltaire, Jean-Jacques Rousseau e Montesquieu. Rousseau
defendia que o poder passasse da monarquia para o povo, e Voltaire, que
houvesse a separação entre Igreja e Estado. Montesquieu pensava menos na figura do
governante. Para ele, era mais importante a existência de uma constituição que evitasse o despotismo. Isso
se daria, argumentava, pela separação dos poderes dentro do governo.
Montesquieu dizia que o
despotismo era a maior ameaça
individual à liberdade dos cidadãos, e tanto as monarquias quanto as repúblicas
corriam o risco de degenerar no despotismo, a menos que fossem reguladas por
uma constituição capaz de prevenir tal destino. No cerne desse
argumento estava a divisão do poder administrativo do Estado em três categorias
distintas: o executivo (responsável pela administração e aplicação das leis), o
legislativo (responsável por aprovar, rejeitar e propor emendas às leis) e o
judiciário (responsável por interpretar e aplicar as leis).
Separação de poderes
A distinção entre os diversos poderes de governo, às vezes
conhecida por trías política, não era nova — os gregos e romanos antigos
reconheciam divisão similar. Montesquieu inovava na defesa de instituições
separadas para exercer esses poderes. Isso criaria um equilíbrio, garantindo um
governo estável com um risco mínimo de descambar no despotismo. A separação de
poderes garantiria que nenhuma das instituições administrativas pudesse assumir
todo o poder, já que cada uma delas conseguiria restringir qualquer abuso de
poder das outras. Apesar de as ideias de Montesquieu terem enfrentado
a hostilidade das autoridades na França,
seu princípio de separação de poderes foi muito influente, especialmente na
América, onde se tornou o alicerce da Constituição dos Estados Unidos. Depois
da Revolução Francesa, tal separação também se tornou modelo para a nova
república, e, conforme se formavam novas democracias ao redor do mundo no
século seguinte, suas constituições mantinham, em geral, alguma variação desse
sistema tripartite.
Referências biográficas:
BUCKINGHAM, Will; BURNHAM,
Douglas. O livro da Filosofia. São Paulo: Globo, 2011.
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