domingo, 7 de abril de 2019

Abordagem educacional


As abordagens educacionais não críticas incentivam o aluno a decorar as “verdades” que os professores transmitem, tirando todo o prazer que o aluno poderia ter em construir seu conhecimento, desumanizando o ensino e aprendizagem, pois ser criativo e criar é uma necessidade humana. Consequentemente, a avaliação passa a presar mais a memorização do que o conhecimento desenvolvido pelo aluno a partir do conteúdo ao qual ele foi exposto.  
Outro ponto, da educação não crítica, é a dos conteúdos em si e da maneira de como são apresentados. Muitas vezes não se olha para o aluno em si e seu meio social, devido a isso, o conteúdo acaba não dialogando com a realidade social do aluno, sendo que tal diálogo é fundamental para a reflexão e, consequentemente, formação do indivíduo político consciente e capaz de intervir socialmente para a construção de uma sociedade mais justa.
Por outro lado, as abordagens educacionais críticas reconhecem a realidade social do aluno como a área circunstancial a qual irá determinar o procedimento da construção do processo de ensino e aprendizagem. Isso resulta no reconhecimento do professor como sendo mediador de um processo de ensino aprendizagem em conjunto com o seu aluno. A participação do aluno se torna importante. O professor não é mais a peça fundamental, mas sim a relação de ensino e aprendizagem que será estabelecida em conjunto e de acordo com o aluno na relação de educando e educador. Logo, para tal abordagem, o aluno passa a ser reconhecido como um ser único, inserido em um ambiente social único e ambos estão em constante devir ao qual deve ser levado em conda na mediação do professor ao definir seu projeto político didático.
Portanto, a abordagem educacional não crítica enxerga o aluno como receptor de conhecimento e a abordagem educacional crítica enxerga o aluno como participante do seu próprio aprendizado, por isso é uma abordagem ideologicamente humanista.

Os saberes necessários para uma identidade docente


Mesmo que o professor tenha o domínio do conteúdo, não existe garantias que ocorra o processo de ensino-aprendizagem. O profissional docente parece ter que adotar uma perspectiva que vai além do domínio do conteúdo para formar uma identidade que facilite o ensino-aprendizagem. Tal identidade docente releva não só o conteúdo, mas também o aluno como ser pensante para que a partir do próprio aluno se monte estratégias que facilitem a transposição didática. Os saberes a serem dominados perpassam os campos relativos à experiência, ao conhecimento e à pedagogia. O primeiro saber se refere a experiência do professor, que é construída no vivenciar da sala de aula, onde o professor se torna aluno, porque se aprende na prática a se relacionar com o aluno e a identificar as necessidades que orientam o encaminhamento e direção da aula para uma determinada turma. Em segundo lugar, encontra-se o saber do conhecimento dos conteúdos, que são expostos em temas, ações profissionais e outros que definem a especialidade da área à qual o professor atuará. Por fim, o terceiro saber é o pedagógico, que se refere aos conhecimentos científicos que orientam a ação de ensinar para torná-la mais eficiente. Todos esses três saberes devem orientar a prática educativa ajudando na construção dos objetivos, conteúdos, métodos e formas de organizar o ensino, sem perder seu caráter flexível e circunstancial, pois cada encontro com o aluno é único e irrepetível. Logo, a reflexão constante sobre a atuação docente se torna fundamental para o processo de ensino-aprendizagem. Portanto, a transposição didática é mais provável de ocorrer em uma prática educativa atenta ao conjunto necessário de uma aula, sendo a experiência prática do profissional relevante para o desenvolvimento desse estado de atenção, que define a identidade docente capaz de estabelecer um diálogo entre os componentes desse conjunto – tal conjunto é constituído de conteúdos, métodos de ensino e alunos.

A prática docente

Cap 1.8 - Ensinar Exige Reflexão Crítica Sobre a Prática - Pedagogia da Autonomia, de Paulo Freire:

https://www.youtube.com/watch?v=GYCJt7VTnKc

Na revista Senai Hoje o psiquiatra Claudio Naranjo nos traz uma interessante análise de estudantes de pedagogia:
http://senaihoje.blogspot.com/2015/06/claudio-naranjo-educacao-atual-so.html



Caso o profissional queira realizar a proposta de uma didática mais humanista, a reflexão crítica é o ponto de partida para a prática. O docente deve refletir constantemente sobre a prática para achar as melhores estratégias, formando uma didática afetiva que reconhece o aluno como ser pensante e criativo e produzir uma comunhão que supera a ingenuidade que ambos podem ter, como a ponta na entrevista e no vídeo. E a partir dessa didática afetiva, o docente pode estimular o autoconhecimento dos alunos e formar seres autônomos e saudáveis. Pois quando o aluno é acolhido e tratado de maneira mais afetuosa, o aluno passa a se sentir mais motivado a aprender e a permitir que o professor demonstre o quanto é relevante o conteúdo administrado. 
No livro Pedagogia da autonomia, é recomendado que o ensino-aprendizagem tenha movimento dinâmico e dialético entre o fazer e o pensar sobre o próprio fazer. Uma vez que o sistema dessensibiliza o aluno, como a entrevista alerta, o docente deve se superar tendo senso crítico sobre sua prática para conseguir sensibilizar o aluno e formar seres críticos. Logo, é reconhecido que a experiência docente é fundamental, mas não é suficiente para superar a ingenuidade existente, no comportamento arrogante, que impede a reflexão sobre si mesmo. Pois nem sempre o conhecimento teórico e/ou as experiências passadas aproximam o docente dos alunos e de si mesmo para uma avaliação de fato.
Segundo uma das ideias expostas na entrevista, talvez seja a falta de amor pela profissão o maior problema da falta de criticidade docente. O docente que não ama o que faz não procura melhorar e tem dificuldade em tratar com amor o aluno em uma prática que se desgosta e que é estritamente exigida na relação com o aluno.
Portanto, a ideia que se tira da entrevista e do vídeo é que uma didática afetiva somente é possível em uma prática docente crítica sobre a própria prática e que o docente de deve amar (a profissão) para oferecer (ao aluno) amor, caso se queira estar preparado para formar alunos críticos, autônomos e saudáveis.

Sobre o ambiente educacional


Acredito que seja importante que o ambiente de sala de aula propicie a interação do grupo para que facilite o processo de ensino-aprendizagem. Uma estratégia simples e eficaz é o deslocamento físico pela sala ou fora dela, pois tal ação possibilita a conversa entre os estudantes de subgrupos (“panelas”) ou pelo menos força o contato visual para que não se tropece no outro, criando uma familiaridade e respeito entre eles que será importante para outras estratégias.

A aula expositiva é uma estratégia comum, mas por meio de recursos audiovisuais e aulas dialogadas é possível trazer os alunos para a discussão dos fatos e conceitos abordados, tornando a aula dinâmica e favorecendo a transposição didática devido a participação do aluno na problematização dos conteúdos para que se forme um aluno que tenha o habito de pensar e, consequentemente, seja capaz de desenvolver habilidades para proceder em certas situações. 

Portanto, o aluno não deve ser passivo dentro de sala de aula, a participação dele é fundamental para que os conteúdos sejam problematizados, mas isso somente será possível se houver um ambiente que incentive o entrosamento para tal discussão dos fatos e conceitos abordados.   

Cultura e política no trabalho docente


Atualmente é cobrado do professor o reconhecimento do aluno como um ser pensante para que de fato ocorra o processo de ensino e aprendizagem. Para tal reconhecimento, parece ser necessária uma identidade docente baseada primeiramente no reconhecimento do próprio professor sobre a sua importância política, ao formar cidadãos e trabalhadores que devem agir eticamente. Logo, são necessários indivíduos autônomos, dotados de senso crítico e que refletem sobre a realidade que os cerca. O segundo reconhecimento necessário seria a respeito da cultura que o aluno está exposto, sendo a cultura definidora da realidade a qual o pensamento do aluno se desloca e a que deve ser trabalhada pelo docente, com o intuito de transformar positivamente a realidade se possível. Tendo esses reconhecimentos em vista, é possível que o professor reconheça a importância da formação de uma identidade docente centrada no aluno, pois tal aluno é provido de cultura e participação política e qualquer transformação nesses contextos é influenciada pela educação que o aluno recebeu. Portanto, o trabalho do docente é de grande responsabilidade não só para com o aluno, mas para com toda a sociedade, pois o professor ao adotar uma identidade afeta a realidade social de acordo com sua atuação.

sábado, 6 de abril de 2019

Metodologia tradicional e metodologia ativa


As metodologias devem condizer com os objetivos que se pretende atingir. Nas aulas tradicionais o professor é o detentor do saber, portador da verdade, e o aluno deve de maneira passiva receber os conteúdos, por meio de uma explicação ligada a uma determinada pesquisa e com propósito teórico. Consequentemente, no modelo tradicional, o aluno não tem uma participação ativa no processo de aprendizagem, ele é desvalorizado e não recebe a responsabilidade e autonomia de atuar em sua própria educação. Nesse modelo, o ensinar do professor se torna mecânico e de pouca eficiência devido aos diferentes contextos de uma sala de aula que são ignorados. Tal modelo está a muito ultrapassado, mas insistimos em conservá-lo mesmo que ele centralize sob os professores a responsabilidade no processo de aprendizagem, gerando crianças, jovens e adultos insatisfeitos, professores estressados e doentes por estarem sendo inflexíveis em seus métodos. 

Na metodologia tradicional, as avaliações são utilizadas para classificar e excluir, principalmente no formato de prova final. O aluno estuda para fazer a avaliação (prova), pois ela é o fim que determina se o aluno “aprendeu”, ou não, determinado conteúdo, ignorando competências cognitivas, pessoais e sociais. Logo, a avaliação não faz parte do processo de aprendizagem do aluno, apenas o pontua. Consequentemente, o aluno que não recebe uma boa pontuação é excluído na maioria das vezes, isso reforça a desigualdade social quando se trata de alunos com dificuldade e de origem humilde que não se adequam a esse método e não têm condições de recorrer a outro sistema educacional que não seja a escola pública.
Se o objetivo de educar é formar alunos proativos, empreendedores e de personalidade capazes de se desenvolver em aspectos culturais, profissionais e pessoais, então é necessário um método que os envolvam em atividades que prestigiem a criatividade. As metodologias ativas partem do princípio que o aluno deve ser protagonista da construção do seu conhecimento. Tal conhecimento deve ser apropriado ao indivíduo em suas condições particulares, o reconhecendo como um ser pensante que tem que se relacionar com os outros e com o mundo. Logo, em uma metodologia ativa, o papel do professor é o de mediador que seleciona o conteúdo mais importante para aquele aluno, mas que não está muito preocupado em atender uma extensa demanda de conteúdos possíveis a serem administrados e em dar tudo pronto para o aluno. Dessa forma, as metodologias ativas obrigam o aluno a praticar durante a aula o que é ensinado na aula, isso somente ocorre porque o aluno é considerado como o principal protagonista no processo de aprendizagem.
A tecnologia facilita bastante a utilização de métodos ativos que exigem colaboração e criatividade para trabalhar os conteúdos. Contudo, mesmo que não aja recursos tecnológicos incrementados, é possível utilizar recursos modernos simples, como o uso do smartfone ou ambientes virtuais que o aluno tenha acesso. Tais recursos ampliam o ambiente da sala de aula, proporcionam uma extensão que vai além dos ambientes físicos da escola e do próprio tempo que se passa nela. Também se torna importante a utilização de recursos tecnológicos para ajudar a inserção do aluno no mundo moderno, onde é necessário o domínio prático da tecnologia.
Contrariamente à avaliação tradicional, adotar uma metodologia ativa exige que a avaliação seja contínua, informando como se deve ser o plano de aula, de acordo com a necessidade de aprendizagem do aluno, e orientando o proceder do docente em sala de aula, por ajudar na decisão das melhores estratégias para o processo de ensino-aprendizagem. Esse tipo de avaliação faz parte do processo de aprendizagem do aluno. Logo, o planejamento é flexível, pois, antes de tudo, considera o aluno como protagonista.    

sexta-feira, 5 de abril de 2019

Do professor atento


Um professor pode dar uma aula tradicional, estilo palestra, sem interagir ou se preocupar com a linguagem e aspectos culturais dos seus ouvintes, mas essa aula não vai desenvolver competências, o aluno não será um pensador e suas habilidades, para resolver uma determinada situação, estarão restritas a maneira como foi transmitida pelo professor. Também, a avaliação de desempenho de alguma competência, deve-se levar em consideração a situação complexa a qual o aluno trabalhou, não exigindo um entendimento de uma situação que ele não aprendeu a mobilizar recursos para abordar e resolver. Ensinar é oportunizar a aprendizagem, que é construir significados, indo além da habilidade, pois o aluno é gestor de informações, e não um mero acumulador de informações. Contudo, mesmo que o professor leve em conta tudo isso, é necessário que exista uma administração emocional da parte do professor para com seu aluno. Uma boa relação favorece a aprendizagem quando a habilidade é trabalhada reflexivamente, devido a existência de diálogo para desenvolver a competência. Portanto, ser um profissional ético, na área de educação, é reconhecer o aluno como ser pensante, e não como mero objeto de trabalho – por exemplo, uma máquina.