Vida moralizada
No que
diz respeito à importância da moral para uma vida boa,
suponho que você leitor pense como eu: a vida vivida num lugar onde todos se
respeitam e se preocupam com os demais tende a ser melhor do que em outro onde
cada um simplesmente luta, no limite das suas forças, para satisfazer seus
apetites, em detrimento de qualquer outro concorrente. Freud se juntaria a
nós. Porque se a vida na civilização pode ser castradora e horrível, fora dela —
num eventual estado de natureza — será ainda muito pior.
Mas,
se a moral — entendida, a grosso modo, como respeito pelo
outro ou até mesmo preocupação pela sua felicidade — é
relevante para a vida, não garante, por si só, uma existência feliz. Porque,
como dizem alguns, nem sempre o bem vence o mal. Porque o mundo quase nunca é
justo. Por isso, talvez, tantas promessas de salvação fora daqui. Num outro
mundo qualquer em que a moral e a vida boa possam estar finalmente alinhadas.
Mas,
neste nosso mundo velho de guerra, neste de carne e osso, que é onde nos toca viver por enquanto, quantos não
conhecemos, indivíduos super gente fina e tristes. Porque ser um cara legal não
elimina boa parte dos chamados problemas existenciais.
Afinal,
por mais zelosos que sejamos com os outros, por mais que condicionemos, nós mesmos, a satisfação de nossos apetites a um entendimento coletivo, nosso corpo segue sua trajetória de encontros com o mundo. Muitos deles
entristecedores. No envelhecimento, que compartilhamos. Mas
também no que nos é particular. Na reduzida visão de perto, nos constrangedores
exames de próstata, no cansaço depois de meia hora de jogo, no acúmulo de
adiposidade na região pneumática. Sem falar na rigidez, dos ossos, e na falta
de rigidez, do que não é osso.
Como
se não bastasse nosso próprio corpo, que definha
mesmo quando não merecemos, outras pessoas também nos causam problemas. Por
mais que as respeitemos. Por maiores que sejam nossas preocupações morais.
Porque algumas, que amamos, sofrem. E seus sofrimentos nos entristecem. Entes
queridos morrem. Desaparecem do nosso mundo. Filhos pequenos choram.
Imaginemos
um diálogo com uma criança que pretendemos educar.
Você informa a criança que ela não pode fazer isso ou aquilo; e ela, então,
pergunta por quê. Você explica o motivo. Mas ela continua perguntando por quê.
Chega uma hora você se sente encurralado. Precisa dar uma resposta definitiva
que interrompa a série de porquês. Esse é o fundamento da moral. Durante muitos
séculos a vontade de Deus cumpriu esse papel.
— Não pode porque Deus não quer.
Justifica
você aliviado. Mas, com Kant, já estamos no século XVIII. E procuramos outro
fundamento para a moral. Sem Deus desta vez.
Moral
e boa vontade
Não há, para Kant, no mundo, nada que seja bom
em si mesmo. Tudo é o que é. E será bom ou mau em função das circunstâncias
particulares e das relações que mantiver com o mundo. Assim, poderíamos exemplificar ao infinito. Uma pizza não é boa em si, mas em função de quem a
degusta. Da sua fome. Das suas preferências alimentares.
Um
sorriso também não é bom em si. Pode
ser entendido, nos códigos daquele lugar, como provocação ou desdém. E um
carro novo? Bem, aquele carro de lata e tinta que acaba de ser comprado, este é a alegria do proprietário. Mas indica
também consumismo desenfreado.
Fica
claro, então, que nada, absolutamente
nada pode ser bom ou mau por si mesmo. A não ser a tal da boa vontade. Só ela é
boa independentemente de qualquer coisa.
Moral,
vontade e uso dos talentos naturais
Não posso usar a vontade. Por uma razão: é
ela que usa. A vontade nunca é meio,
mas agente. É a mão que opera, não a ferramenta.
Temos
que diferenciar três coisas. A primeira é o talento natural. Ao qual já nos familiarizamos desde os gregos. A beleza, a
inteligência, a força etc. Já sabemos que, para os gregos, esses talentos eram
a própria virtude. Por isso, uns eram melhores do que outros. Aprendemos também, que os cristãos não estavam de acordo com isso. Que, para eles, tais
talentos não valem por si.
A
segunda é o uso desse talento. Este uso se materializa
numa conduta. Conduta concreta no mundo. Como o salvamento de alguém pelo
uso da força. Como a sedução de alguém pelo uso da beleza. Como a instrução de
alguém pelo uso da inteligência. Perceba que, aqui, o talento é usado como
instrumento para outra coisa. Força, instrumento do salvamento. Beleza,
instrumento da sedução. Inteligência, instrumento da instrução.
A
terceira é a vontade. Que não se confunde nem com o
talento nem com seu uso. Que não é nem a força, nem o ato de salvamento. Nem a
beleza, nem o ato de sedução. Nem a inteligência, nem o ato de instrução.
Porque a vontade é o agente que delibera colocar a força em ato de salvamento.
Delibera colocar a beleza em ato de sedução. Delibera colocar a inteligência
em ato de instrução. E o que está por trás do uso da força, da beleza e da
inteligência.
Exemplo:
um jovem tem grandes habilidades musicais. Eis um talento natural. Ao convidar
os amigos, toca várias músicas de sua própria autoria. Eis o
uso do talento. E, antes de seus amigos chegarem, esse jovem decide que vai
tocar. Delibera sobre o uso de seu talento por esta ou aquela razão. Eis a
vontade. Vontade que decide sobre o uso a ser dado ao talento.
Kant não concorda com nossos amigos
utilitaristas. Afinal, para eles, o que importa é o resultado. Não a vontade.
Moral, vontade e eficácia
Para
Kant, nenhum valor moral pode ser atribuído a
uma ação em função dos efeitos dessa ação. Os efeitos de uma ação não são um bom critério para definir o
valor da sua deliberação porque esses efeitos não estão sob controle de quem a
delibera. A boa vontade nada tem a ver com os efeitos da ação.
Moral, vontade e desejo
Toda
vontade pressupõe uma deliberação da
razão. Distinta dos desejos. Soberana em relação a eles. Se
nossa vida se limitasse, como a do resto dos animais, à sobrevivência, à satisfação dos desejos,
então, instintos naturais inatos fariam muito melhor o trabalho.
Toda
deliberação racional implica dois elementos: de um
lado, a finalidade, isto é, o que queremos quando deliberamos. E de outro, o
motivo, ou, como se diz, a razão de termos deliberado daquela maneira. Para
Kant, a boa vontade decorre apenas de um só desses elementos: o motivo, isto
é, o porquê da deliberação.
Kant
está dizendo é que o valor da ação não está nem
nos seus efeitos, nem na materialidade da conduta. Quando
uma pessoa age e faz uma bobagem — afeta
o mundo de forma negativa — para
Kant, nem o que ela fez nem o que ela causou importam para atribuir valor
moral.
Moral,
vontade e dever
O
motivo que permite identificar, em qualquer deliberação, uma boa vontade é o que Kant denomina "sentido
do dever". Ou seja, só age com boa vontade aquele que age por dever.
— Que história é essa de agir por dever? De
onde vem esse dever? Há uma lista de deveres? Alguma coisa como os dez
mandamentos?
A boa vontade não é desejo. É deliberação racional. Portanto, podemos deliberar racionalmente no mesmo sentido do desejo.
Ou, na sua contramão. Quando deliberamos contrariamente ao que desejamos, fica
mais fácil entender. Nosso corpo pede A mas deliberamos B. Fica evidente que a
razão foi soberana frente ao corpo.
Aqui,
Kant propõe uma diferença que pode parecer só um jogo
de palavras. Entre agir por dever e agir segundo o dever. A ação por dever tem este dever como única
motivação. O agente faz o que deve fazer, simplesmente porque deve fazer.
Caracterizando a ação com boa vontade.
Já no caso da ação que é apenas segundo o
dever, o agente também faz o que deve fazer. Mas não porque deve fazer. E sim
por motivos egoístas.
Da
mesma forma, aquele que salva um desconhecido — ou mesmo um inimigo — age por dever. Com boa vontade.
Já o pai que se joga no lago para salvar o filho em afogamento, age em nome da
própria vida. Porque não suportaria sobreviver sem o filho. Age em nome do amor
paterno. Com motivação egoísta. Sem boa vontade. Por isso, quem ajuda os outros
sem ter nenhum prazer nisso tem valor moral superior àquele que salva o filho
amado.
Para
poder ser desinteressada, primeiro traço já
destacado, a vontade tem que ser livre. Convicção
que Kant empresta de Rousseau.
Moral
e especificidade humana
Rousseau
propõe que todos os animais são dotados de
instinto. Complexo programa que oferece respostas para todas as situações de
existência. O instinto é tudo que o animal tem e tudo de que precisa para
conduzir sua vida até o final. O que nos permite concluir que os animais já
nascem prontos.
Assim,
os animais serão rigorosamente fiéis a
esse instinto. Não lhes é possível discrepar. De tal maneira que um gato,
programado para comer carne, morrerá de fome do lado de um prato de alpiste.
Não lhe ocorrerá arriscar matar a fome com aquilo de que circunstancialmente dispõe. Esse improviso lhe escapa. Da mesma maneira, um pombo, que também
definhará sem arriscar comer um prato de filé que lhe está sendo oferecido.
O
homem não nasce com todas as respostas de que
precisa. Sua vida requer mais do que sua natureza oferece. Por isso, cabe a
ele inventar, ponderar, tergiversar, criar, esculpir, instante a instante, a estátua da própria existência. Por isso, o homem excede. Transcende a própria
natureza. Vai além dos instintos. Porque quando a natureza se cala, ainda
resta a vontade. A deliberação que escapa à necessidade da sua natureza.
A noção kantiana de dever é correlata a essa
concepção do humano que o filósofo empresta de Rousseau. De acordo com ela, o
ser humano é, antes de tudo, um ser de razão e de liberdade. Ele tem inclinações e seu comportamento é fortemente influenciado pelas circunstâncias em que se
encontra.
“(...) se num ser
dotado de razão e de vontade a natureza tivesse por
finalidade última sua conservação, seu bem-estar
ou, em uma palavra, sua felicidade, ela teria se equivocado ao escolher a razão para alcançá-la. Isto porque,
todas as ações que este ser deverá realizar nesse sentido, bem como a regra completa de sua conduta, ser-lhe-iam indicadas com
muito maior precisão pelo instinto” (KANT. Fundamentação da metafísica dos costumes).
Essa "segunda natureza",
essa coerência inventada e produzida pela vontade livre dos seres
humanos em nome de valores comuns, Kant designa "reino dos fins". Por
que essa formulação? Simplesmente porque nesse "novo mundo", mundo da
vontade e não mais da natureza, os seres humanos serão, enfim, tratados como
"fins" e não mais como meios; como seres de dignidade absoluta que
não poderiam ser usados para a realização de objetivos pretensamente
superiores.
Moral e liberdade
Nada
na natureza tem moral. A não ser
o homem. Por transcendê-la.
Porque
a vida se define vivendo. Porque primeiro vivemos — existimos no mundo — instante a instante e só depois podemos tentar identificar quem somos. E vivemos como vivemos porque somos senhores
de nossas deliberações.
Estamos
condenados à liberdade de definir a
própria vida.
Moral
e amor
Quem
age por amor não age por moral. Porque
amor é manifestação da natureza. E moral é o resto. É do que precisamos quando
a natureza não responde. Para quando não há amor. E temos que admitir que, no
mundo em que vivemos, amamos pouca coisa. Se tomarmos apenas as pessoas, amamos
pouquíssimas: pais, filhos, alguns amigos, 15 pessoas no máximo, para os de
coração dilatado. Pois só na China há alguns milhões que não amamos. Amássemos mais, moralizaríamos menos.
Assim,
a mãe amamenta seu filho recém-nascido. Alguém,
que contempla a cena, elogia o respeito ao dever materno de amamentar. Elogio
que desperta a incompreensão da mãe. Jamais aceitaria agir por dever moral. Mas
quando
o amor falta, ainda nos resta uma valiosa boa vontade. Noção de amor prático em Kant.
Dever moral
As relações com as pessoas não
podem contar com o amor. Por isso, a moral é tão importante. Deliberação autônoma. Que pressupõe alguma soberania da razão. Justamente quando não há
amor. Um amor prático para Kant.
Moral não é ódio. Como também
não é amor. Se o homem fosse simplesmente regido pelos instintos, seria bestial.
Não transcenderia a mais estrita animalidade. Os animais, estes não têm moral.
Falta-lhes, para tanto, justamente a condição de autonomia deliberativa.
Bem, já que a origem do mal não está nos apetites, onde mais
poderia estar? Na razão talvez? Optaria o homem pelo
mal, na hora de agir, por uma característica intrínseca ao próprio pensamento? Também não, dirá Kant.
Segundo Kant, o homem sempre faria o mal visando a algum
tipo de bem ou vantagem para si próprio. Mas, se a origem do mal
não está na
sensibilidade, coisa de corpo e de animal, nem na razão prática, coisa de alma
e de demônio, onde poderia estar? A sua origem estaria no
encontro dos dois. Encontro da sensibilidade, apetites e pulsões com a consciência moral, com a
razão prática. E qual seria o problema nesse encontro entre o que sentimos e o
que pensamos? O mal estaria na inversão da hierarquia legítima entre ambos.
Segundo Kant, qual seria a relação hierárquica legítima entre a consciência moral e os apetites do corpo? A prevalência da primeira, é claro.
De tal maneira que os últimos devem ser satisfeitos dentro dos limites e das
condições definidos pela primeira. Em outras palavras, a satisfação deve ser
buscada de acordo com a lei moral. Se preferirem, a busca da felicidade deve
estar subjugada ao dever.
Só
deveríamos aceitar o gozo e a felicidade na medida em que estivessem conforme
a lei moral. Perceba que, nesta reflexão kantiana, a busca da felicidade
pode ser o próprio mal.
Ética tem mais a ver com
problematização da nossa convivência do que com um gabarito de respostas certas
que o professor apresenta.
A moral kantiana e os
fundamentos da ideia republicana: a "boa vontade", a ação desinteressada e a universalidade dos valores
Liberdade, virtude da ação desinteressada ("boa
vontade"), preocupação com o interesse geral: eis as três palavras-chave que
definem as modernas morais do dever — do "dever", justamente, porque elas nos
ordenam uma resistência, até mesmo um combate contra a naturalidade ou
animalidade em nós.
Por isso a definição moderna da
moralidade vai, segundo Kant, se expressar daí em diante sob forma de ordens indiscutíveis ou, para empregar seu vocabulário, de imperativos
categóricos. Dado que não se trata mais de imitar a natureza, de toma-la
como modelo, mas quase sempre de combatê-la e especialmente de lutar contra o
egoísmo natural em nós.
Os dois momentos da ética moderna — a
intenção desinteressada e a universalidade do fim escolhido — se reúnem,
assim, na definição do homem como "perfectibilidade". Pois a
liberdade significa, antes de tudo, a capacidade de agir além da determinação
dos interesses "naturais", quer dizer, particulares. Distanciando-nos
do particular, é na direção do universal.
Kant
em oposição as sabedorias cosmológicas e o fundamento da boa vontade
Assim, a inteligência, a faculdade de comparar, de discernir o particular
podem ser faculdades apreciáveis. Mas não são qualidades morais. E por que
não? Porque todas estas faculdades, e todos os talentos naturais em geral,
podem ser colocados tanto a serviço do bem quanto do mal. Nunca são, por eles
mesmos, bons ou maus.
Assim, podemos usar a inteligência para curar, alegrar, ensinar
saberes que trarão alegrias e muito mais. Em contrapartida, também podemos usar
as mesmas faculdades do espírito para enganar, entristecer, iludir, mentir e
também muito mais. Perceba que nenhuma destas faculdades pode ser boa em si mesma, porque tudo dependerá do uso que delas fizermos. Da vontade. Da livre
deliberação sobre um fim em detrimento de outros.
As sabedorias cosmológicas definiam de bom
grado a virtude ou a excelência como um prolongamento da natureza, como a
realização tão perfeita quanto possível para cada ser daquilo que constitui a natureza, e indica, assim, sua "função" ou sua finalidade. Numa perspectiva aristocrática o ser "virtuoso" não é aquele que atinge um certo nível graças a esforços
livremente consentidos, mas aquele que funciona bem, e até excelentemente,
segundo a natureza e as finalidades que lhe são próprias. E isso vale tanto
para as coisas e animais quanto para os seres humanos cuja felicidade está
associada a essa realização de si. Na moral aristocrática dos gregos, só há superioridade e inferioridade. Hierarquia, em suma. Natural, moral e política.
O poder exercido pelos melhores. Senhores e soberanos. E os piores, escravos. Mas já sabemos que, quando o assunto é moral, isso não tem
muita importância. O que importa mesmo é a liberdade para decidir bem. Somos, portanto, igualmente
livres para uma boa vontade. Para além da nossa natureza. A primeira consequência desta
reflexão sobre a boa vontade é a igualdade.
A segunda consequência desta liberdade como boa vontade é o desinteresse.
A ação virtuosa se confunde com a ação desinteressada. A liberdade, como vimos,
é a capacidade de descolar da natureza. Assim, descolar dela, ou
resistir a ela, implica levar em conta os interesses dos outros. Dar lugar aos
outros. Para isto, é
preciso colocar-se entre parênteses. Considerar outros desejos além dos
próprios. E esta autolimitação supõe que não sejamos cem por cento egoístas.
A terceira consequência desta liberdade é o universalismo. A vontade, para
ser uma boa vontade, deve se justificar universalmente. O dever, que resulta de
uma atividade intelectiva, deve valer para qualquer um. Faça de tal maneira que a máxima que
preside a sua ação possa ser universalizada. Possa ser transformada em lei.
Eis a fórmula do imperativo categórico. Perceba a tangência entre esse
universalismo e o desinteresse. A resistência frente aos próprios interesses.
Ao egoísmo. Para levar em conta o interesse geral, o bem comum, é preciso
considerar o interesse dos outros.
Desta forma, enquanto para os gregos a virtude corresponde à atualização dos
talentos naturais, à realização da natureza em nós, para o pensamento moderno
de Kant, a virtude é uma resistência ou oposição a essa mesma natureza. A luta
contra a natureza em nós.
Igualdade, desinteresse e universalidade. Consequências da liberdade, fundamento da
boa vontade e de todo edifício moral de Kant.
Referências Bibliográficas:
FERRY, Luc. Aprender a viver: Filosofia para os novos tempos. Rio de Janeiro, Editora Objetiva, 2010.
DE BARROS FILHO, Clóvis. POMPEU, Júlio. A Filosofia Explica as Grandes Questões da Humanidade. Casa do Saber, 2014.
DE BARROS FILHO, Clóvis. A vida que vale a pena ser vivida. Editora
Vozes, 2010.