segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

ÉTICA


Uma reflexão sobre a melhor maneira de viver


Quando alguém argumenta no campo da ética sobre a melhor maneira de viver e conviver, não se contenta com a parcialidade de seu ponto de vista, busca o convencimento, aspira a universalidade. Porque a sociedade ou a civilização não tolera tanta diversidade de valores. Precisa se proteger. Manter a ordem.

No processo de redução desta complexidade, alguns pontos de vista serão ungidos ao estatuto de regra para todo mundo. É quando algumas impressões dispersas viram código. E outras, não. E algumas vidas de qualidade são convertidas em protocolo de qualidade de vida. Conversões conflituosas. Luta pela legitimidade de definir o que é ético e o que não interessa que seja.

Quando pretendemos que nossos juízos tenham validade que transcenda a sua particularidade, possam valer para qualquer situação semelhante, para qualquer caso, passamos da prática para uma teoria da prática, do pessoal para o impessoal, do particular para o genérico, da ação para uma filosofia da ação, da moral para a ética. Desta forma, propõe-se que a ética seja uma teoria – ou uma ciência – da moral.

Reflexão para a vida

Ética é ao mesmo tempo reflexão sobre a vida e vida pensada. Ao mesmo tempo princípio e ação. Norma e deliberação. Decisão e vida decidida. Para Aristóteles, o objeto da ética é a práxis [ação concreta]. Para Kant, a vontade. Para ambos, é ação submetida à razão.

A vida fora da moral é ampla, a que lhe diz respeito também o é. Mas para, de fato, poder escolher, não basta ponderar, refletir, deliberar. É preciso poder fazê-lo livremente. Ou seja. a moral pouco ou nada tem a ver com a coação.

Ato moral

A ética se dispõe ao estudo de um certo tipo de ação humana, informatizável pela razão, e que doravante denominaremos ato moral. E que não se entenda esta norma como lei científica sobre o comportamento. Mas como princípios seguidos livremente pelo agente.

Por conta desta interdependência entre a razão prática e a conduta, a estrutura do ato moral é complexa. Constituída por elementos subjetivos e objetivos. Tais como motivação para agir, consciência dos fins visados, valores morais, consciência dos meios mais adequados para alcançá-los e materialização dos resultados.

Motivação

Muitas vezes, agimos em plena melancolia, por ciúme, por excitação ou ira sem nos darmos conta disso. E estas ações encontram-se, por isso, excluídas do campo da moral.

Fins

Todo ato moral implica a consciência de um fim. Um ponto de chegada. Ainda que provisório. Este fim é sempre uma antecipação mental da vida a ser vivida depois. Uma antecipação ideal. Uma ideia, portanto.

Não há que confundir motivação com fim. Um tem certamente a ver com o outro. Mas não são a mesma coisa. Motivação é energia vital. Oscilação de potência. Afeto. Coisa que sentimos. O fim é planeja­mento. Projeto. Coisa que pensamos. Se não ficou cla­ro, tentemos com outras palavras. Motivação é tesão. Excitação. Ganho setorizado de potência, nem sempre consciente. Fim é fantasia, imaginação, sempre consciente.

Os fins são decididos por ato voluntário. O que significa um ato voluntário? Trata-se da antecipação mental da vida, o fim, seguida da decisão de vivê-la.

Valor moral


Valores morais são critérios existenciais. A partir dos quais os fins serão valorados.


Referência Bibliográfica:

DE BARROS FILHO, Clóvis. POMPEU, Júlio. A Filosofia Explica as Grandes Questões da Humanidade. Casa do Saber, 2014.

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