Uma
reflexão sobre a melhor maneira de viver
Quando
alguém argumenta no campo da ética sobre a melhor
maneira de viver e conviver, não se contenta com a parcialidade de seu ponto de
vista, busca o convencimento, aspira a universalidade. Porque a sociedade ou a
civilização não tolera tanta diversidade de valores. Precisa se proteger.
Manter a ordem.
No processo de redução desta complexidade, alguns pontos de
vista serão ungidos ao estatuto de regra para todo mundo. É quando algumas impressões dispersas viram código. E outras, não. E algumas vidas de
qualidade são convertidas em protocolo de qualidade de vida. Conversões
conflituosas. Luta pela legitimidade de definir o que é ético e o que não
interessa que seja.
Quando
pretendemos que nossos juízos tenham validade que transcenda a sua particularidade, possam valer para
qualquer situação semelhante, para qualquer caso, passamos da prática para uma
teoria da prática, do pessoal para o impessoal, do particular para o genérico,
da ação para uma filosofia da ação, da moral para a ética. Desta forma, propõe-se que a ética seja uma teoria – ou uma ciência – da
moral.
Reflexão para a vida
Ética é ao mesmo tempo reflexão sobre a vida e
vida pensada. Ao mesmo tempo princípio e ação. Norma e deliberação. Decisão e
vida decidida. Para Aristóteles, o objeto da ética é a práxis [ação concreta]. Para
Kant, a vontade. Para ambos, é ação submetida à razão.
A vida
fora da moral é ampla, a que lhe diz respeito também o é.
Mas para, de fato, poder escolher, não basta ponderar, refletir, deliberar. É
preciso poder fazê-lo livremente. Ou seja. a moral pouco ou nada tem a ver com
a coação.
Ato moral
A ética se dispõe ao estudo de um certo tipo de ação
humana, informatizável pela razão, e que doravante denominaremos ato moral. E que não se entenda esta norma como lei científica sobre o comportamento. Mas como
princípios seguidos livremente pelo agente.
Por
conta desta interdependência entre a razão prática e a conduta, a estrutura do ato moral é complexa. Constituída por elementos
subjetivos e objetivos. Tais como motivação
para agir, consciência dos fins visados, valores morais, consciência dos meios mais adequados para alcançá-los e materialização dos resultados.
Motivação
Muitas
vezes, agimos em plena melancolia, por ciúme,
por excitação ou ira sem nos darmos conta disso. E estas ações encontram-se,
por isso, excluídas do campo da moral.
Fins
Todo
ato moral implica a consciência
de um fim. Um ponto de chegada. Ainda que provisório. Este fim é sempre uma
antecipação mental da vida a ser vivida depois. Uma antecipação ideal. Uma
ideia, portanto.
Não há que confundir motivação com fim. Um tem certamente
a ver com o outro. Mas não são a mesma coisa. Motivação é energia vital.
Oscilação de potência. Afeto. Coisa que sentimos. O fim é planejamento.
Projeto. Coisa que pensamos. Se não ficou claro, tentemos com outras palavras.
Motivação é tesão. Excitação. Ganho setorizado de potência, nem sempre
consciente. Fim é fantasia, imaginação, sempre consciente.
Os
fins são decididos por ato voluntário. O que significa um ato voluntário? Trata-se da antecipação mental da vida, o fim,
seguida da decisão de vivê-la.
Valor moral
Valores morais são critérios existenciais. A
partir dos quais os fins serão valorados.
Referência Bibliográfica:
DE BARROS FILHO, Clóvis. POMPEU, Júlio. A Filosofia Explica as Grandes Questões da Humanidade. Casa do Saber, 2014.
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