A existência precede a essência
Nas
mais diversas correntes filosóficas,
a realidade é essencialmente alguma coisa. Há um atributo essencial na
realidade a partir do qual nós podemos defini-la.
Assim,
para Platão, a
essência da realidade é uma ideia, da qual as coisas sensíveis apenas
participam. Conhecer uma coisa é conhecer a sua ideia. Já para Aristóteles, a
essência das coisas é a sua causa. O elemento que determina a realidade a ser
como ela é. Esta essência, de certa forma, vem antes das coisas particulares que percebemos. Estão por trás delas. Conferem-lhes sentido.
Nesta
perspectiva, a essência
de uma tesoura contamina toda tesoura particular existente nas gavetas pelo
mundo afora. Afinal, temos que aceitar que, antes da tesoura que você usa para cortar papéis, deve ter havido uma ideia. Ideia
que inspira toda a produção de
tesouras.
Da
mesma forma, a natureza de um gato, seu instinto, está por trás de cada instante da existência deste gato. Pautando sua vida. Nestes casos, do gato e da tesoura, a essência precede
a existência. A definição vem antes da vida. A ideia antecipa o existir no mundo de carne e osso.
Eis a
grande ruptura proposta pelo existencialismo. A de assegurar que, no caso do
homem e de sua vida, não é
bem assim que funciona. Não há
uma essência que pauta a existência. O homem nasce nada. Sem uma
definição que antecipe a vida. Porque,
se houvesse, estaria comprometida a liberdade.
A existência se impõe sem
essência que lhe dê apoio. É a partir da vida que se definem os homens. É a
partir da fundamental liberdade para existir que as escolhas se definirão. A
liberdade constitui a própria realidade humana.
Na
vida que nos toca viver, nunca um momento simplesmente derivará de outro. Como o ferver da água exposta ao
fogo. O que nos situa muito distantes do resto da natureza. Onde tudo é
determinado. Onde todo efeito determina, por sua vez, a sua causa.
Referência Bibliográfica:
DE BARROS FILHO, Clóvis. POMPEU, Júlio. A Filosofia Explica as Grandes Questões da Humanidade. Casa do Saber, 2014.
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