Ética:
Ramo da filosofia que trata de questões sobre como devemos viver e, portanto,
sobre a natureza de certo e errado, bem e mal, dever, obrigação e outros
conceitos.
Moral:
que denota bons costumes segundo os preceitos
estabelecidos por um determinado grupo social
Moralidade
O exame sobre o
significado de levar uma vida “virtuosa", sobre justiça e felicidade (e
como alcança-las) e sobre como devemos nos comportar formam a base para o ramo
da filosofia conhecido como ética ou filosofia moral.
Para além da
consideração sobre questões éticas referentes às vidas dos indivíduos, é
natural que se pense sobre o tipo de sociedade na qual gostaríamos de viver -
como ela deveria ser governada, os direitos e responsabilidades de seus
cidadãos, e assim por diante.
Senso
moral e consciência moral
Movidos pela solidariedade, participamos de campanhas contra a fome. Esses sentimentos e as
ações desencadeadas por eles exprimem nosso senso moral, a maneira como avaliamos nossa situação e a de nossos semelhantes
segundo ideias como as de justiça e injustiça.
Quantas vezes, levados por um impulso incontrolável ou por uma emoção forte, fazemos alguma
coisa de que depois sentimos vergonha, remorso, culpa? Esses sentimentos também
exprimem nosso senso moral, isto é, a avaliação de nosso comportamento segundo
ideias como as de certo e errado.
Não raras vezes somos tomados pelo horror diante da violência: chacina de seres humanos e
animais, etc. Com frequência ficamos indignados ao saber que um inocente foi injustamente acusado e
condenado, enquanto o verdadeiro culpado permanece impune. Sentimos cólera
diante do cinismo dos mentirosos, dos que usam outras pessoas como instrumento
para seus interesses e para conseguir vantagens à custa da boa-fé de outros. Esses
sentimentos também manifestam nosso senso moral, ou a maneira como avaliamos as
condutas alheias segundo as ideias de justiça e injustiça.
Consciência
moral
Nossas dúvidas quanto à decisão a tomar não manifestam nosso senso moral, mas põem à prova
nossa consciência moral, pois exigem
que, sem sermos obrigados por outros, decidamos o que fazer, que justifiquemos
para nós mesmos e para os outros as razões de nossas decisões e que assumamos
todas as consequências delas.
Os exemplos
mencionados indicam que o senso moral e a consciência moral referem-se a
valores (justiça, honradez, espírito de sacrifício, integridade, generosidade), a sentimentos provocados pelos valores (admiração, vergonha, culpa, remorso,
contentamento, cólera, amor, dúvida, medo) e a decisões que conduzem a ações
com consequências para nós e para os outros.
Juízo
de fato e juízo de valor
Se dissermos:
"Está chovendo", estaremos enunciando um acontecimento constatado por
nós, e o juízo proferido é um juízo de
fato. Se, porém, falamos: "A chuva é boa para as plantas" ou
"A chuva é bela", estaremos interpretando e avaliando o
acontecimento. Nesse caso, proferimos um juízo
de valor.
Juízos de fato
são aqueles que dizem o que as coisas são, como são e por que são.
Juízos de valor
avaliam coisas, pessoas, ações, experiências, acontecimentos, sentimentos,
estados de espírito, intenções e decisões como bons ou maus, desejáveis ou indesejáveis.
Dessa
perspectiva, os juízos morais de valor são normativos,
isto é, enunciam normas que dizem como devem ser os bons sentimentos, as boas
intenções e as boas ações, e como devem ser as decisões e ações livres. São
normas que determinam o dever ser de nossos sentimentos e de nossos atos.
Os juízos morais
de valor nos dizem o que são o bem, o mal, a liberdade, a felicidade.
Como se pode
observar, senso moral e consciência moral são inseparáveis da vida cultural.
Qual a origem da
diferença entre juízos de fato e de valor? A diferença entre a natureza e a
cultura. A primeira é constituída por estruturas e processos necessários, que
existem em si e por si mesmos, independentemente de nós: a chuva, por exemplo,
é um fenômeno meteorológico cujas causas e cujos efeitos necessários não
dependem de nós e que apenas podemos constatar e explicar.
Por sua vez, a
cultura nasce da maneira como os seres humanos interpretam a si mesmos e as
suas relações com a natureza, acrescentando-lhes sentidos novos, alterando-a
por meio do trabalho e da técnica, dando-lhe significados simbólicos e valores.
Dizer que a chuva é boa para as
plantas pressupõe a relação cultural dos humanos com a natureza por intermédio da agricultura.
Para garantir a
manutenção dos padrões morais através do tempo e sua continuidade de geração a
geração, as sociedades tendem a naturalizá-los.
Para reconhecemos
isso, basta, aliás, considerarmos a própria palavra moral: ela vem de uma
palavra latina, mos, moris, que quer dizer "o costume",
portanto, os hábitos instituídos por uma sociedade em condições históricas determinadas.
Ética
e violência
Várias culturas e
sociedades não definiram nem definem a violência da mesma maneira, ao
contrário, dão-lhe conteúdos diferentes, segundo os tempos e os lugares.
Fundamentalmente, a violência é percebida como exercício da força física e da coação psíquica
para obrigar alguém a fazer alguma coisa contrária aos seus interesses e
desejos, contrária ao seu corpo e à sua consciência, causando-lhe danos
profundos e irreparáveis como a morte, a loucura, a autoagressão ou a agressão
aos outros.
Quando uma cultura e uma sociedade definem o que entendem por mal, crime e vício, definem
aquilo que julgam violência contra um indivíduo ou contra o grupo.
Simultaneamente, erguem os valores positivos – o bem, o mérito e a virtude –
como barreiras éticas contra a violência.
Em nossa cultura, a violência é entendida como violação da
integridade física e psíquica, da dignidade humana de alguém.
Também consideramos violência à profanação das coisas sagradas e a discriminação
social e política de pessoas por causa de suas crenças.
Do ponto de vista
ético, somos pessoas e não podemos
ser tratados como coisas. Os valores éticos se oferecem, portanto, como
expressão e garantia de nossa condição de seres
humanos ou de sujeitos racionais
e agentes livres, proibindo
moralmente a violência.
Os
constituintes do campo ético
A consciência moral manifesta-se, antes de tudo, na capacidade para deliberar diante de
alternativas possíveis, decidindo e escolhendo uma delas antes de lançar-se na
ação. Tem a capacidade para avaliar e pesar as motivações pessoais, as
exigências feitas pela situação, às consequências para si e para os outros, a
conformidade entre meios e fins, a obrigação de respeitar o estabelecido ou de
transgredi-lo (se o estabelecido for imoral ou injusto).
A vontade é esse
poder deliberativo e decisório do agente moral. Para que exerça esse poder
sobre o sujeito moral, a vontade deve ser livre, isto é, não pode estar
submetida à vontade de um outro nem pode estar submetida aos instintos e às paixões, mas, ao contrário, deve ter
poder sobre eles.
·
Paixão
Filosófica e eticamente, porem, o amor e uma entre muitas paixões, pois paixão significa todo desejo, toda emoção e todo sentimento
causados em nos ou por uma força irracional interna ou pela força incontrolável
de alguma coisa extrema que nos domina. Na paixão não somos senhores de nós
mesmos, mas arrastados por impulsos internos ou forças internas que nos dirigem e controlam.
O campo ético é,
assim, constituído pelos valores e pelas obrigações que formam o conteúdo das
condutas morais, isto é, as virtudes.
O
agente moral
O sujeito ético
ou moral, isto é, a pessoa moral, só pode existir se preencher as seguintes
condições:
1. ser consciente de si e dos outros,
isto é, ser capaz de reflexão e de reconhecer a existência dos outros como
sujeitos éticos iguais a si;
2. ser dotado de vontade, isto é, de
capacidade para controlar e orientar desejos, impulsos, tendências, sentimentos
e de capacidade para deliberar e decidir entre várias alternativas possíveis;
3. ser responsável, isto é,
reconhecer-se como autor da ação, avaliar os efeitos e as consequências dela
sobre si e sobre os outros;
4. ser livre, isto é, ser capaz de
oferecer-se como causa interna de seus sentimentos, atitudes e ações, por não
estar submetido a poderes externos que o forcem e o constranjam a sentir, a
querer e a fazer alguma coisa.
A diferença entre
passividade e atividade. Passivo é aquele que se deixa governar e arrastar por
seus impulsos, inclinações e paixões, pelas circunstâncias, pela boa ou má
sorte, pela opinião alheia, pelo medo dos outros, pela vontade de um outro, não
exercendo sua própria consciência, vontade, liberdade e responsabilidade.
Ao contrário, é ativo ou virtuoso aquele que controla interiormente seus impulsos, suas
inclinações e suas paixões, discute consigo mesmo e com os outros o sentido dos
valores e dos fins estabelecidos, indaga se devem e como devem ser respeitados
ou transgredidos por outros valores e fins superiores aos existentes, avalia
sua capacidade para dar a si mesmo as regras de conduta, consulta sua razão e
sua vontade antes de agir, tem consideração pelos outros sem subordinar-se nem
submeter-se cegamente a eles, responde pelo que faz, julga suas próprias
intenções e recusa a violência contra si e contra os outros. Numa palavra, é autônomo.
Os
valores ou fins éticos
O campo ético é
constituído por dois polos internamente relacionados: o agente ou o sujeito
moral e os valores morais ou as virtudes éticas.
Independentemente do conteúdo e da forma que cada cultura lhe dá, todas as culturas consideram
virtude algo que é o melhor como sentimento e como ação; a virtude é a
excelência, a realização perfeita de um modo de ser, sentir e agir. Em contrapartida,
o vício é o que é o pior como sentimento e como ação; o vício é a baixeza dos
sentimentos e das ações.
Os
meios morais
O campo ético é
ainda constituído por um outro elemento: os meios para que o sujeito realize os fins.
Suponhamos uma
sociedade que considere um valor e um fim moral a lealdade entre seus membros,
baseada na confiança recíproca. Isso significa que a mentira, a inveja, a
adulação, a má-fé, a crueldade e o medo deverão estar excluídos da vi moral e,
por conseguinte, ações que empreguem essas atitudes e esses sentimentos como
meios para alcançar o fim serão imorais. No entanto, poderia acontecer que para
forçar alguém à lealdade seria preciso fazê-lo sentir medo da punição pela
deslealdade, ou seria preciso mentir para ele para que não perdesse a confiança
em certas pessoas e continuasse leal a elas. Nesses casos, o fim – a lealdade –
não justificaria os meios – uso do medo
e da mentira? A resposta ética é não. Por quê? Porque esses meios desrespeitam a consciência e a liberdade da pessoa moral.
Fins éticos
exigem meios éticos.
Referência:
CHAUI, Marilena. Filosofia:
Novo Ensino Médio, Volume único. São Paulo: Ática,
2010, p.203-211.
Filme:
Crash - No
Limite
Sinopse: Jean
Cabot (Sandra Bullock) é a rica e mimada esposa de um promotor, em uma cidade
ao sul da Califórnia. Ela tem seu carro de luxo roubado por dois assaltantes
negros. O roubo culmina num acidente que acaba por aproximar habitantes de
diversas origens étnicas e classes sociais de Los Angeles: um veterano policial
racista, um detetive negro e seu irmão traficante de drogas, um bem-sucedido
diretor de cinema e sua esposa, e um imigrante iraniano e sua filha.
Atividades
1 – O que é Senso moral?
2 – O que é
consciência moral?
3 – O que é um juízo de fato? Dê um exemplo.
4 – O que é um juízo de valor? Dê um exemplo.
5 – Quais os
principais aspectos de que nossa cultura e sociedade entendem por violência?
6 – Explique as diferenças entre atividade e passividade.
7 – Apesar das
diferenças culturais, o que todas as culturas consideram que seja a virtude?
8 – Qual é a relação entre o filme Crash e o sujeito passivo? Justifique sua resposta.
Nossa muito bom esse assunto, fiz uma prova com esse assunto e estudei por esse resumo nesse site, gosto muito da filosofia.
ResponderExcluirHoje mesmo vou fazer uma prova baseado nesse assunto
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